'Bati na trave', diz brasileiro que criou teoria base para ganhadores do Nobel de física

  • 10/10/2025
(Foto: Reprodução)
Físico brasileiro é citado em Nobel de Física e celebra reconhecimento da ciência nacional “Bati na trave”. Foi assim que o físico Almir Caldeira reagiu ao descobrir que seu nome estava no documento científico que embasou o Nobel de Física de 2025. Ele não ganhou o prêmio, mas a teoria que desenvolveu há mais de 40 anos ajudou a construir o caminho que levou os vencedores à conquista. O britânico John Clarke, o francês Michel H. Devoret e o americano John M. Martinis ganharam o Nobel esta semana pela descoberta de efeitos quânticos em circuitos elétricos, capazes de demonstrar que as leis “bizarras” da física quântica também se aplicam a sistemas grandes o suficiente para caber na palma da mão. (Entenda mais abaixo) Bati na trave, mas esse é um reconhecimento enorme para a ciência brasileira. (...) Quem sabe vem depois disso um gol? Se depender da onda de sorte do time do coração de Amir, o Flamengo, pode ser que ele seja um laureado nos próximos anos. Caldeira fez a graduação e o mestrado na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e conclui o doutorado na University of Sussex, no Reino Unido. Atualmente, é professor titular da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e bolsista de Produtividade em Pesquisa 1A do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Nome de Amir Caldeira aparece em documento do Nobel Reprodução A pesquisa do brasileiro no Nobel 🔎 Para entender: a física quântica descreve o comportamento das partículas — como elétrons, fótons e átomos — em escalas minúsculas, onde as leis que conhecemos deixam de valer. Nesse mundo microscópico, as partículas podem, por exemplo, estar em dois lugares ao mesmo tempo, atravessar barreiras sólidas e até existir em mais de um estado simultaneamente. Esses efeitos nunca haviam sido observados em sistemas grandes, porque qualquer interação com o ambiente faz as partículas “perderem” seu comportamento quântico e voltarem ao “mundo normal”. Como você, que não consegue atravessar barreiras. A resposta do porquê isso não acontecia em "tamanho maior" estava com o brasileiro. Em 1981, Almir Caldeira desenvolveu um modelo teórico que buscava responder a essa, que era uma das perguntas centrais da física moderna: 🔎 Como o ambiente em volta de um sistema influencia o comportamento quântico dele? O trabalho de Amir mostrava que, quando um sistema quântico interage com o meio externo — por exemplo, com moléculas de ar ou calor —, ele pode perder suas propriedades quânticas e começar a agir como no “mundo normal”. Essa ideia se tornou essencial para entender como preservar o estado quântico em experimentos e aplicações tecnológicas. ➡️ Décadas depois, os ganhadores deste ano usaram justamente essa base para transformar a teoria em prática. O experimento deles foi o passo seguinte: mostrou que o que Caldeira previu matematicamente podia, de fato, ser observado e controlado. É isso que permitiu o avanço em áreas como a computação quântica, um campo que promete revolucionar o processamento de informações e a simulação de materiais complexos. Recebi com surpresa. Quando eu vi, pensei: agora foi coroado o projeto. Claro que seria melhor ganhar um prêmio, mas só esse reconhecimento, em termos científicos, já é ótimo. Dá orgulho, e você se sente recompensado. Fica feliz da vida. ➡️ O trabalho de Caldeira tem reconhecimento mundial e já foi citado mais de cinco mil vezes em outras pesquisas. O modelo que ele desenvolveu segue sendo uma das referências mais utilizadas no estudo da decoerência quântica, que é o processo que faz um sistema deixar de se comportar como quântico. Orgulho e recado para a ciência brasileira Para o pesquisador, a menção é também um lembrete do potencial da ciência feita no Brasil. Aos 75 anos, mesmo aposentado, Amir segue como professor e conta que vem trabalhando na formação de físicos que se tornam líderes de projetos, experimentos revolucionários e centros de pesquisa pelo mundo. “Temos competência, temos pessoas excelentes. O que precisamos é de investimento para que a ciência seja desenvolvida no país”, afirmou.

FONTE: https://g1.globo.com/ciencia/noticia/2025/10/10/bati-na-trave-diz-brasileiro-que-criou-teoria-base-para-ganhadores-do-nobel-de-fisica.ghtml


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