'Não sabia o quanto minha filha era viciada': brasileiros contam como foi a proibição de redes sociais na Austrália

  • 12/12/2025
(Foto: Reprodução)
Brasileiros contam como foi a proibição de redes sociais na Austrália Muitos pais de adolescentes ficaram aliviados quando a lei que proíbe redes sociais para menores de 16 anos começou a valer na Austrália, nesta quarta-feira (10), no horário local. Teve também quem achasse a medida restritiva demais — tanto pais quanto jovens. O país é o 1º do mundo a adotar uma regra com esse alcance, aprovada no fim de 2024. Com o lema "Let them be kids" (deixem eles serem crianças), o governo australiano diz que o objetivo da mudança é proteger os jovens de conteúdos impróprios, aliciamento e riscos à saúde mental. Agora, plataformas como Instagram, Facebook, Threads, TikTok, Snapchat, YouTube, X, o fórum Reddit e as redes de transmissões ao vivo Kick e Twitch deverão desativar contas já existentes de menores de 16 anos e impedir a criação de novos perfis. Ficaram de fora da restrição plataformas como YouTube Kids, Google Classroom, WhatsApp, Roblox e Discord. Isso porque a lei se refere a plataformas que têm como único propósito ou propósito significativo permitir a interação entre usuários e a publicação de conteúdos. 📱Baixe o app do g1 para ver notícias em tempo real e de graça 'Vejo você em 4 anos': adolescentes na Austrália se despedem das redes Para saber mais sobre como foi essa mudança, o g1 conversou com famílias brasileiras que moram na Austrália. Confira alguns relatos abaixo. 'Não sabia o quanto minha filha era viciada' 'Estão tirando a nossa liberdade' 'Crianças precisam viver no mundo real' Novos apps e tentativas de burlar a proibição 'Não sabia o quanto minha filha era viciada' Oprah e sua filha, Theodora Acervo pessoal Oprah Parsons, de 51 anos, mora na cidade costeira de Woy Woy, na Austrália, com sua filha, Theodora, de 9 anos. Ela conta que, apesar de saber que a filha usava muito as redes sociais, não esperava que ela ficasse "tão sem chão" depois da proibição. "Ela está nervosa, parece que tá faltando algo. No dia 10 [quando a proibição começou], ela chegou da escola, foi comer e senti ela 'meio perdida'. Eu não sabia o quanto minha filha era viciada", conta. Oprah acredita que, desde que a menina se mudou de São Paulo para a Austrália para ficar com ela, há cerca de um ano, ela passou a usar as redes sociais para diminuir a solidão e a saudade do Brasil, "como um amigo mesmo". Por isso, segundo a mãe, era muito difícil impor limites ao uso. "Nesse sentido, a nova lei caiu como uma luva para mim. A minha proibição ela não estava acatando, mas a do governo teve que seguir", diz. Oprah conta que, mesmo com o choque inicial, a medida vai ser positiva para a filha e que está a incentivando a brincar com bonecas e desenhar mais. Veja mais: BRASIL: Como vai ser a ECA Digital, que começa a valer em março de 2026 'Estão tirando a nossa liberdade' Gabriella (à direita), seus pais (Hugo e Fernanda) e seu irmão, Gustavo (abaixo) Acervo pessoal Gabriella Rossi, de 14 anos, foi uma das adolescentes afetadas pela proibição das redes sociais na Austrália. Ela é brasileira e mora em Sydney com a família há 8 anos. Ela conta que, apesar de não ter algumas das redes sociais mais conhecidas, como TikTok e Instagram, ela usava bastante o YouTube para ver vídeos de maquiagem e cuidados com a pele, por exemplo. No dia em que a lei começou a valer na Austrália, ela correu para checar se a sua conta na plataforma tinha sido excluída — o que se confirmou (veja na foto abaixo um exemplo do aviso de bloqueio). "Eu fico triste porque tira a nossa liberdade, mas, como eu não tinha redes sociais mais comuns, não me afetou tanto", diz. Adolescente tem conta bloqueada para verificação de idade na Austrália. STR / AFP Para a sua mãe, Fernanda Rossi, de 40 anos, a proibição deveria ser algo determinado pela família mais do que pelo governo. "Não sou 100% contra, mas acredito que esse tipo de decisão deve vir das escolas e dos pais", diz. "Além disso, acredito que só proibir pode inclusive despertar o interesse dos adolescentes". Veja mais: Como a Austrália pretende impedir que menores de 16 anos acessem as redes sociais Proibição das redes sociais para menores de 16 anos na Austrália pode deixar crianças isoladas? 'Crianças precisam viver no mundo real' Jason, Ana Lúcia, Jake e Alicia Acervo pessoal Ana Lucia Ferreira, de 46 anos, mora em Sydney há 24 anos, e tem dois filhos australianos adolescentes: Alicia, de 12 anos, e Jake, de 15. Ela conta que ambos acessavam redes como TikTok, Instagram e Snapchat por cerca de 2h diariamente antes da proibição. Ela usava uma ferramenta de controle parental, na qual é possível colocar um tempo limite de uso. Apesar disso, depois de terem as suas contas bloqueadas, eles "ainda não reclamaram", segundo a mãe. "Acredito que isso aconteceu porque esta medida foi anunciada com bastante antecedência e as escolas prepararam bem as crianças e os pais", justifica. "Eles já sabiam há um bom tempo que estava para acontecer." Ana conta que tanto ela quanto a maioria dos pais com quem convive acharam a mudança muito positiva, já que "as crianças precisam viver no mundo real". "Crianças precisam de tempo para criatividade e atividades físicas e as mídias sociais estavam roubando isso deles", afirma. Novos apps e tentativas de burlar a proibição O g1 não conversou diretamente com nenhum adolescente que tenha burlado a proibição das redes sociais na Austrália. Apesar disso, Gabriella, de 14, conta que alguns dos seus amigos conseguiram manter as suas contas ativas. "Eles mudaram a data de nascimento na plataforma antes da proibição começar a valer", conta Gabriella. Já Jake, de 15 anos, relata que alguns dos seus amigos tentaram fazer o mesmo, mas foram barrados pela ferramenta de reconhecimento facial das plataformas. O jovem australiano contou também que, logo que a sua conta foi bloqueada no TikTok, ele baixou outro aplicativo de vídeos semelhante, que não estava na lista proibida pelo governo. E, segundo ele, muitos de seus colegas fizeram o mesmo. Segundo o jornal The Guardian, o governo do país está de olho nessas redes sociais menores e pode incluí-las na proibição em breve. Apesar de não proibir o acesso de menores de 16 anos a redes sociais, o Brasil também vai implementar novas medidas de segurança para adolescentes na internet. A partir de março de 2026, começam valer as exigências do Estatuto Digital da Criança e do Adolescente (ECA Digital), que virou lei em setembro. Brasileiros contam como foi a proibição de redes sociais para menores de 16 anos na Austrália Acervo pessoal Veja mais: O que países estão fazendo para regular o acesso de crianças às redes sociais Entenda nova regra que exige confirmação de idade de usuários por sites e aplicativos 'Perdi R$ 4 mil comprando uma água, diz vítima do golpe do cartão trocado

FONTE: https://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2025/12/12/nao-sabia-o-quanto-minha-filha-era-viciada-brasileiros-contam-como-foi-a-proibicao-de-redes-sociais-na-australia.ghtml


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