Carreiros viajam mais de 100 km durante sete dias para Romaria do Divino Pai Eterno, em Trindade
03/07/2025
(Foto: Reprodução) Tradição passada de geração para geração resiste mais uma romaria. Na bagagem homens e mulheres levam muitos agradecimentos pelas graças recebidas. Carreiros viajam 100 km em sete dias até chegar em Trindade
Uma comitiva de carreiros viajou mais de 100 km em sete dias para a Romaria do Divino Pai Eterno em Trindade, na Região Metropolitana de Goiânia. No grupo estão várias gerações para agradecer às graças recebidas. Eles fazem questão de manter a tradição, passada de pai para filho.
"A gente não tem muito o que pedir, tem muito o que agradecer, porque Deus só dá bênçãos para a gente", disse Ana Maria Duarte, que é candieira (responsável por guiar os bois).
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Egnaldo Vieira lidera o grupo, que saiu de Abadiânia, a cerca de 112 km de Trindade. Uma viajem que de carro levaria pouco mais de uma hora, mas que de carro de boi gastou uma semana. Ele contou para a TV Anhanguera algumas curiosidades, como uma placa de identificação numerada do carro de boi.
"Antigamente, os carros de boi tinham que tirar um imposto, igual o carro da gasolina hoje. Então essa placa aqui era do meu avô. Corumbá de Goiás, esse é do ano de 1944, e Goiás é com Z, olha aqui", disse o carreiro.
Desfile dos carros de boi em Trindade
Diomício Gomes/O Popular
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Carreiros viajam mais de 100 km até Trindade
Reprodução/TV Anhanguera
Durante a viagem, os romeiros param para preparar uma refeição com mandioca, arroz e carne de lata.
"Vamos dizer que é o lanche, nós não almoçamos. Aí a gente fica sempre no lanche antes da janta", brinca um dos carreiros da Comitiva Cinquim.
A parada serve ainda para descangar os animais, quando retira-se a estrutura que une os bois para que fiquem lado a lado durante a caminhada. Depois, são levados para o pasto para se alimentarem e beber água.
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Durante os sete dias até chegar a Trindade , o cansaço chega e também alguns imprevistos no caminho, como o da estudante Rafaela Flores, que contou ter torcido o pé enquanto ajudava com o manejo dos bois. Mesmo assim, ela disse que segue firme para chegar à capital da fé em Goiás.
"Eu tenho que chegar. Eu tenho a promessa de ter uma cirurgia com nove anos", contou Rafaela à TV Anhanguera.
Placa de identificação do carro de boi tem Goiás ainda escrito com a forma antiga (Goiaz)
Reprodução/TV Anhanguera
Tradição e cultura
Um dos pontos altos da Romaria do Divino Pai Eterno é o tradicional desfile dos carros de boi, tradição que remete aos primórdios dessa devoção. De acordo com a Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe), o desfile de carros de boi é uma manifestação de fé e tradição.
Segundo a Afipe, por causa da relevância como referência cultural e representatividade da vida rural, a Romaria de Carros de Boi da Festa do Divino Pai Eterno foi reconhecida como Patrimônio Cultural Brasileiro pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em setembro de 2018.
“Ressaltando seu significado histórico e cultural na Romaria do Divino Pai Eterno. Com o caráter coletivo da experiência, envolvendo famílias inteiras em um ato de devoção e sacrifício. Pois, é um marco na história de Trindade, sendo uma tradição que caminha com a história de devoção ao Pai Eterno. Além de ser um momento de sacrifício e superação onde os romeiros enfrentam desafios para expressar sua fé”, disse o missionário redentorista padre João Bosco, à Afipe.
Desfile dos carros de boi passa pela Igreja Matriz de Trindade
Diomício Gomes/O Popular
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