Como pais e professores podem ajudar na reta final do Enem sem aumentar a pressão
22/10/2025
(Foto: Reprodução) Por que colocar o celular atrás da cabeça faz a música 'abraçar' você?
Ansiedade, oscilação de humor, autocobrança e sobrecarga são comuns na reta final para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Ter o suporte da família e dos professores faz a diferença nesse momento, quando a preparação envolve também gestão emocional e rotina equilibrada.
Ao g1, especialistas reforçam que os pais e a escola têm papéis complementares no caminho até o vestibular. Enquanto os professores reforçam os conteúdos importantes e orientam quanto às estratégias de prova, cabe aos pais assegurar o apoio emocional e logístico para que uma rotina saudável seja mantida.
"Não descuidar do sono, da alimentação, da hidratação e do exercício físico pode fazer muita diferença no resultado final", aponta Idelfrânio Moreira, gerente executivo de ensino e inovações do SAS Educação.
📆 O Enem 2025 será aplicado nos dias 9 e 16 de novembro. No primeiro domingo de provas, os candidatos encaram Linguagens, Ciências Humanas e redação; no segundo, será a vez de Matemática e Ciências da Natureza.
Pode ser um desafio oferecer ajuda sem transformar a prova em uma fonte de tensão e cobrança dentro de casa. Moreira lembra que o Enem "acaba sendo um evento importante para a família toda", logo, é natural que os pais tenham as próprias aflições.
"Para cuidar do outro, é preciso cuidar de si primeiro: em caso de ansiedade ou agitação dos pais, o cuidado deve começar consigo mesmo", alerta Moreira.
Atitudes como manter o diálogo aberto, respeitar os momentos de descanso e evitar comparações ajudam a preservar a autoconfiança do estudante. "O aluno que se importa em fazer uma boa prova e quer muito o resultado já se cobra o suficiente – às vezes, mais que o necessário. O papel da família está no acolhimento emocional e no incentivo", nota.
Por isso, é importante ter "conversas francas sobre os possíveis resultados e imaginar cenários futuros, para que o estudante sinta segurança", recomenda Moreira.
Enem 2025 será aplicado nos dias 9 e 16 de novembro.
Érico Andrade/g1
O psicólogo Eduardo Takayuki Katto, do Curso Anglo, ressalta que o estresse relacionado ao vestibular não começa somente há algumas semanas das provas, mas acompanha o aluno durante todo o ano letivo.
Katto indica que os pais se informem sobre as provas, conversem com os professores e com os próprios filhos, para entender as estratégias e objetivos pretendidos.
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O primeiro passo para conseguir dar o suporte necessário é entender o que vem pela frente e ter empatia com a realidade do adolescente, sabendo de antemão que o desafio não se limita ao alto volume de conteúdos para estudar.
Ao longo do ano, o jovem precisa ser lembrado do próprio progresso, principalmente nos momentos de exaustão, em que a autoconfiança oscila.
➡️ Frases motivadoras como "você não está atrasado, está no seu próprio tempo”, por exemplo, fortalecem o estudante, enquanto falas como “fulano passou direto do colégio” e “eu não precisei de cursinho, basta se esforçar” desestabilizam, e devem ser evitadas.
"Os vestibulares não avaliam apenas o conhecimento acumulado ao longo dos meses e anos de preparação, mas também como o candidato consegue lidar com os diferentes desafios apresentados, sejam físicos ou emocionais – muitas vezes, uma mistura dos dois", destaca Katto.
Às vésperas do Enem, e principalmente nos dias de prova, o ideal é que o aluno se sinta tranquilo e amparado, para poder concentrar toda a energia em fazer o seu melhor.
Comunicação entre escola, aluno e família
A preparação para o Enem e outros vestibulares é mais efetiva quando escola e família estão alinhadas. Reuniões, grupos de mensagem e conversas informais podem ajudar a identificar sinais de sobrecarga e, quando necessário, a acionar profissionais capazes de oferecer suporte especializado aos estudantes, como psicólogos e outros especialistas.
Pais e professores não têm a capacidade de tornar o processo menos pesado, lembra o psicólogo, mas podem dividir alguns dos fardos carregados pelos estudantes.
"A ansiedade e cansaço fazem parte do processo, precisamos considerar estes fatores ao oferecer conselhos e suporte, respeitando os limites do jovem e sua autonomia", diz Katto.
➡️ Além de guiar o aluno pela revisão dos principais temas cobrados no Enem, na organização o tempo de estudo e nas estratégias para o dia da prova, oferecer apoio emocional também faz parte do papel dos educadores.
Quando o professor demonstra empatia pelas dificuldades dos alunos e confiança no potencial de cada um, há ganhos significativos na redução da ansiedade coletiva que, naturalmente, se estende por toda a turma.
"É muito comum a perda da rotina quanto maior a ansiedade para o grande dia da prova. A escola também pode ajudar discutindo aspectos como hidratação, alimentação, exercícios, sono e momentos de lazer", aponta Moreira.
Moreira acrescenta: os estudantes e suas respectivas famílias são diferentes e vivem contextos diversos. "As ações podem variar, mas para todos vale o princípio de que escola, família e estudantes devem ter um mesmo foco e objetivo: a prova e a aprovação".
🟢 Boas práticas para pais e professores na preparação para o Enem, de acordo com os especialistas
Garantir uma rotina equilibrada: boas condições de sono, alimentação e horários regulares de estudos (com pausas) ajudam o cérebro a funcionar melhor;
Ambiente tranquilo: ter um espaço sem interrupções em casa contribui para o rendimento e concentração;
Gestos e palavras de motivação: pequenas ações, como preparar um lanche saudável ou oferecer palavras de incentivo, transmitem segurança e mostram ao estudante que ele não está sozinho;
Momentos de lazer: lembrar a importância do descanso, inclusive promovendo momentos de descontração em família – esperar que o estudante mantenha 100% de foco o tempo todo é irreal e desgastante, e pode resultar em fadiga cognitiva;
Diálogo aberto: conversar e ouvir desabafos sem interromper ou minimizar preocupações, e evitar transformar o Enem em tema constante de tensão nas trocas familiares;
Procurar a escola: para alinhar expectativas e identificar sinais de ansiedade e estresse exacerbados;
Oferecer ajuda em vez de interferir rigidamente: confiar nas estratégias que o aluno já vem aplicando e estimular sua autonomia, ficando à disposição para colaborar com ajustes;
Evitar cobrar resultados com base em comparações: mencionar o desempenho ou sucesso de conhecidos pode pressionar mais que incentivar, assim como reforçar frases simplistas que geram culpa ou ansiedade, como "basta se esforçar mais";
Valorizar pequenas conquistas: lembrar que o processo é mais importante que o resultado imediato.