Entenda em 7 pontos como Unicamp quer transformar complexo de saúde em autarquia

  • 17/10/2025
(Foto: Reprodução)
Área da saúde da Unicamp pode passar a ser gerida por autarquia A Unicamp estuda transformar seu complexo de saúde em autarquia estadual. A proposta para mudar a administração e o financiamento dos hospitais foi discutida em audiência na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), na terça-feira (14). Mas o que isso significa na prática? Segundo a universidade, a mudança daria mais autonomia financeira e administrativa, permitindo ampliar serviços de saúde e atividades acadêmicas. O modelo já é usado em outras instituições, mas ainda gera debate, especialmente sobre a manutenção do emprego de servidores. "Nós não estamos privatizando nada, absolutamente nada. Nós estamos criando uma autarquia, que é uma forma de fortalecer o financiamento público de uma área fundamental que é a área da saúde", frisou o reitor da Unicamp, Paulo César Montagner, durante a audiência. ➡️ Para explicar o projeto, o g1 organizou as informações em 7 pontos principais. Clique para ler: O que muda com a proposta Por que a mudança é estudada Quem apoia a proposta Críticas e dúvidas O que pensam os servidores Exemplos de outras universidades Próximos passos Imagem de arquivo mostra cirurgia realizada no HC da Unicamp HC da Unicamp/Divulgação O que muda com a proposta O projeto prevê transformar as principais unidades do complexo hospitalar da Unicamp em uma autarquia estadual, incluindo: Hospital de Clínicas (HC) Hospital da Mulher Prof. Dr. José Aristodemo Pinotti (Caism) Centro de Hematologia e Hemoterapia (Hemocentro) Centro de Diagnóstico de Doenças do Aparelho Digestivo (Gastrocentro) Centro Integrado de Pesquisas Oncohematológicas na Infância (CIPOI) Centro de Estudos e Pesquisas em Reabilitação Prof. Dr. Gabriel O.S. Porto (CEPRE) Centro de Informação e Assistência Toxicológica (CIATox) Centro Clínico Multidisciplinar da Faculdade de Odontologia O que muda? As unidades continuariam ligadas à universidade para ensino e pesquisa. Teriam orçamento próprio, com repasses diretos do governo estadual, sem depender do orçamento global da Unicamp. A universidade deixaria de destinar cerca de 17% do orçamento - ou R$ 1,1 bilhão - à saúde, podendo investir mais em novos cursos, pesquisas e expansão de campi, segundo a Reitoria. Por que a mudança é estudada Atualmente, o complexo de saúde da Unicamp atende mais de 6 milhões de pessoas em 90 municípios da região de Campinas, mas mantém quase a mesma estrutura desde os anos 1980, conforme destacou o coordenador geral Fernando Antônio Santos Coelho. "Temos dificuldade de crescer, porque está fortemente relacionado ao financiamento que a universidade tem. Hoje, a gente está numa posição em que é importante pensar em alternativas para crescer a área de saúde, fundamental para a região metropolitana de Campinas", disse Coelho. A universidade afirma que o modelo atual de financiamento limita a expansão e dificulta a modernização dos hospitais. Com a autarquização, a Unicamp espera maior agilidade na gestão, atração de recursos e sustentabilidade do sistema. Quem apoia a proposta Para Unicamp, o principal ponto positivo da autarquização é a possibilidade de crescimento acadêmico - como, por exemplo, o avanço dos estudos sobre a criação de um curso de medicina em Piracicaba (SP), uma demanda antiga dos estudantes. Coordenador de Ensino Técnico e Superior da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (SCTI), Marcos Nogueira Martins afirmou durante o encontro que a pasta estadual “apoia totalmente” a iniciativa. "O processo é virtuoso, todo mundo ganha. A universidade ganha porque aumenta a sua oferta de cursos, aumenta o número de estudantes, tudo. E os hospitais também crescem porque são administrados pela Secretaria da Saúde, que o faz muito melhor do que a universidade", opinou. Críticas e dúvidas Críticos à proposta apontam, entre as principais preocupações, a segurança jurídica e direitos dos servidores, incluindo riscos de desigualdade salarial e criação de duas estruturas de pessoal. Diante disso, o diretor da Área de Saúde da Unicamp, Luiz Carlos Zeferino, garantiu que, caso a autarquização se concretize, os trabalhadores teriam todos os direitos previstos pela lei garantidos. "Temos cerca de 2,5 mil profissionais contratados hoje pela Funcamp. As pessoas estão achando que nós vamos demitir todos. Impossível fazer isso, e se alguém falar que vai demitir, é mentira, é fake news. O quadro, as unidades precisam dessas pessoas", frisou. A audiência pública também trouxe questões referentes à garantia de que os recursos sejam reinvestidos na saúde, sem desvio para outras áreas acadêmicas, e ao risco de contingenciamento de recursos pelo Estado, caso a autarquia fique sujeita à política orçamentária estadual. Zeferino destacou que o contingenciamento já é uma realidade. “Basta ter queda de arrecadação de ICMS e diminui o repasse para a universidade, que precisa segurar contratações por um tempo e, quase sempre, as unidades mais comprometidas são as da área da saúde”. Durante a reunião, a universidade também foi questionada sobre a possibilidade de conflitos de gestão de comando no novo modelo. Nesse sentido, tanto a gestão da Unicamp quanto a SCTI garantiram que a autonomia universitária deve ser mantida. Vista aérea do complexo hospitalar que compreende a Área da Saúde da Unicamp Antoninho Perri/Unicamp O que pensam os servidores Na noite de terça-feira (14), o tema foi debatido em audiência pública na Câmara Municipal de Campinas, conduzida pela vereadora Fernanda Souto (PSOL). O coordenador-geral, Fernando Coelho, disse que a universidade não tem recursos suficientes para atender à crescente demanda da área da saúde. “Não há mais investimentos, os recursos vão apenas para custeio”, afirmou. Já a presidente da Associação dos Docentes da Unicamp (ADunicamp), professora Silvia Gatti, defendeu que, antes de discutir a autarquização, a Reitoria deveria buscar novas formas de financiamento. “O nosso problema é o subfinanciamento. Por isso, precisamos pressionar o governo para aumentar o valor da quota-parte das universidades dos atuais 9,57% para pelo menos 11%”, defendeu a docente. Representantes do Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp (STU) também participaram da audiência e manifestaram oposição à proposta, que classificaram como “privatista”. O g1 entrou em contato com o sindicato e com a Funcamp para pedir um posicionamento sobre o tema, mas não recebeu retorno até a publicação desta reportagem. O exemplo de outras universidades O modelo proposto para a Unicamp se inspira no adotado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e na Faculdade de Medicina de Botucatu, da Universidade Estadual Paulista (Unesp). Nessas instituições, a gestão administrativa e orçamentária é vinculada à Secretaria de Estado da Saúde, mas as atividades de ensino, pesquisa e extensão permanecem sob responsabilidade das universidades. Segundo a Reitoria da Unicamp, o Hospital de Botucatu tinha 461 leitos antes da mudança e hoje conta com 664. O número de internações anuais, que antes girava entre 12 mil e 13 mil, atualmente varia entre 25 mil e 27 mil. Já o quadro de funcionários da saúde passou de 1.965 em 2009 para 3.129 neste ano. Próximos passos Agora, os próximos passos do projeto incluem uma nova audiência feita pela Comissão de Saúde e Ciência e Tecnologia da Alesp, focada nos servidores da Unicamp. Esse encontro deve ter representantes: da Associação de Docentes da Unicamp (ADunicamp); do STU; da superintendência do HC; da Reitoria; da diretoria da Faculdade de Ciências Médicas; e da Funcamp. A expectativa da Reitoria é ter uma proposta fechada até o final deste mês de outubro. VÍDEOS: tudo sobre Campinas e região Veja mais notícias sobre a região na página do g1 Campinas.

FONTE: https://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/noticia/2025/10/17/entenda-em-7-pontos-como-unicamp-quer-transformar-complexo-de-saude-em-autarquia.ghtml


#Compartilhe

Aplicativos


Locutor no Ar

Peça Sua Música

Top 5

top1
1. Raridade

Anderson Freire

top2
2. Advogado Fiel

Bruna Karla

top3
3. Casa do pai

Aline Barros

top4
4. Acalma o meu coração

Anderson Freire

top5
5. Ressuscita-me

Aline Barros

Anunciantes