Goiás entra na rota do turismo subterrâneo com mais de mil cavernas

  • 10/11/2025
(Foto: Reprodução)
Foto de caverna em Terra Ronca concorre a um prêmio Latino-Americano Goiás, mais conhecido por suas paisagens de Cerrado, cachoeiras e parques, começa a ganhar destaque também pelo seu “mundo subterrâneo”. De acordo com levantamento do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Cavernas (Cecav/ICMBio), o estado possui 1.136 cavernas registradas, o que representa cerca de 4,36% do total nacional, colocando Goiás entre os cinco estados com maior concentração dessas formações no país. ✅ Clique e siga o canal do g1 Goiás no WhatsApp Esse patrimônio subterrâneo, ainda pouco explorado, reúne potencial para o turismo de aventura, científico e educativo, um segmento que especialistas chamam de espeleoturismo. Entre os locais com maior destaque no estado está o Parque Estadual da Terra Ronca, localizado no município de São Domingos, considerado um dos maiores complexos espeleológicos da América Latina, com mais de 250 cavernas identificadas em uma área de cerca de 57 mil hectares. Além dele, outras formações, como a Gruta dos Ecos, em Cocalzinho de Goiás e a Lapa do Reinaldo, em Posse, também atraem visitantes interessados em conhecer as belezas subterrâneas do estado. O analista de TI e turista de cavernas Flávio Alves compartilhou a experiência de quem viveu essa imersão de perto. “Eu fui à Gruta dos Ecos, que fica localizada no município de Cocalzinho. Foi uma experiência fantástica, indescritível. Uma descida de aproximadamente 180 metros, com mais de 1.500 metros de extensão, que termina em um lago subterrâneo de água cristalina. Realmente parece que você está em outro mundo”, contou. O turista Flávio Alves, na Gruta dos Ecos, em Cocalzinho Arquivo Pessoal/Flávio Alves LEIA TAMBÉM: Cachoeira às margens do Rio Araguaia impressiona; vídeo Cachoeira com pêndulo, fervedouro e cavernas: conheça cidade goiana famosa por turismo de aventura Caverna símbolo de parque com mais de 300 atrativos naturais passa a ser propriedade de Goiás O assessor jurídico e turista João Siqueira, que visitou o Parque Estadual da Terra Ronca em outubro deste ano, contou que a experiência foi marcante e que as belezas do local superaram suas expectativas. Ele também explicou que conheceu cavernas como Angélica, São Bernardo e Terra Ronca I, e destacou a importância de seguir as orientações dos guias. “A experiência foi uma das melhores que eu já tive na vida. As belezas das cavernas são surreais e mostram o quanto a natureza é grandiosa. As trilhas foram realizadas com guias locais e não foram tão difíceis, mas é importante respeitar a natureza e ir preparado para entrar em um ‘mundo’ subterrâneo’”, relatou. Potencial e desafios O assessor jurídico João Siqueira, em visita em Terra Ronca Arquivo Pessoal/João Siqueira O turismo subterrâneo abre caminho para um turismo mais completo, unindo o turismo de superfície, com trilhas, cachoeiras e a típica vegetação do Cerrado ao universo subterrâneo. Segundo Renata Momoli, espeleóloga, professora e pesquisadora do Instituto de Estudos Socioambientais da Universidade Federal de Goiás (UFG), é preciso garantir o equilíbrio entre visitação e preservação. Segundo ela, o turismo pode ser um aliado ou um fator de degradação das cavernas, a depender de como é realizado e que o maior problema é a forma como o turismo é conduzido nas cavernas. De acordo com a professora, se o turismo é conduzido sem capacitação adequada ou com negligência, os riscos de visitar lugares como cavernas se elevam drasticamente, tanto para as pessoas, em termos de segurança, quanto para a própria caverna e o que deve ser conservado naquele ambiente. Renata também destaca que, para que seja seguro e funcional, o turismo em cavernas deve ser apoiado por pesquisas. “As pesquisas são fundamentais para que haja o bom planejamento de uso turístico nas cavernas. Pois a pesquisa pode apontar locais de risco geotécnico, como deslizamentos, abismos e queda de blocos e teto e risco biológico, como presença de vírus, bactérias e fungos causadores de doenças como a Histoplasmose que provoca doença pulmonar semelhante a tuberculose", afirma. De acordo com o Anuário Estatístico do Patrimônio Espeleológico Brasileiro (2024), quase 44% das cavernas do país estão em áreas pleiteadas por mineração, o que reforça a necessidade de políticas que conciliem preservação e uso sustentável. A professora também acrescenta que a maioria das cavernas ainda não foi descoberta. Imagem interna de caverna em Terra Ronca-GO Arquivo Pessoal/João Siqueira “Um dos impeditivos [para descobri-las] é a escassez de recursos financeiros para a realização de pesquisas que apoiem a prospecção e o mapeamento das cavernas. Quanto à pesquisa, muitas vezes nem a falta de recurso impede que ela aconteça, embora reduza expressivamente seu alcance e potencial”, afirma. Turismo, ciência e conservação O pesquisador Jadson Bezerra, da Rede de Pesquisa e Desenvolvimento da Região Centro-Oeste (funBIOS), explica que o interesse científico nas cavernas vai muito além do turismo. E que, no Estado de Goiás, além da Terra Ronca, que se destaca no turismo em cavernas, há outras regiões, como a região de Vila Propício, que, segundo Jadson, é extremamente importante. Goiás entra na rota do turismo subterrâneo com mais de mil cavernas O pesquisador também menciona Mambaí, Buritinópolis e outras regiões associadas e cidades próximas que são importantes e são ambientes relevantes para pesquisa científica. Por isso, ele lembra que o turismo de cavernas, quando aliado à pesquisa, pode ser um instrumento de conservação. “O trabalho com guias turísticos, com as comunidades em volta das áreas de conservação, com a comunidade escolar que vão ser fundamental toda a parceria, colaboração do poder público, para que a gente tenha sempre mais acesso a esses ambientes. Isso é extremamente importante e isso pode levar Goiás como um destaque e é como exemplo também nacional no estudo dessas desse ambiente subterrâneo”. Planejamento e experiência segura Quem deseja conhecer cavernas em Goiás deve planejar com antecedência. Muitas regiões ainda estão em fase de estruturação turística, e é essencial buscar guias credenciados, informações sobre autorização de visita e que a caverna possua Plano de Manejo Espeleológic, elaborado pelo proprietário da área e aprovado por órgãos oficiais (CECAV/ICMBio). “Este documento atesta, em linhas gerais, que a caverna não oferece riscos graves iminentes aos visitantes, não possui vestígios arqueológicos/paleontológicos ou feições especiais que requeiram proteção específica e apresenta resiliência ecológica suficiente para suportar a visitação humana regular. Infelizmente, a realidade é que a maioria das cavernas não possuem Plano de Manejo Espeleológico, o que confere maiores riscos à visitação”, afirma. Imagem de entrada de caverna em Terra Ronca-GO Arquivo Pessoal/João Siqueira À medida que o estado avança na organização do turismo subterrâneo, ganha não apenas visibilidade nacional, mas também a oportunidade de unir ciência, turismo e conservação, revelando ao mundo um patrimônio natural que, até pouco tempo atrás, permanecia escondido sob o solo goiano. 📱 Veja outras notícias da região no g1 Goiás. VÍDEOS: últimas notícias de Goiás

FONTE: https://g1.globo.com/go/goias/noticia/2025/11/10/goias-entra-na-rota-do-turismo-subterraneo-com-mais-de-mil-cavernas.ghtml


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