USP anula concurso em que professora preta foi aprovada em 1º lugar; candidata afirma que não teve direito a defesa respeitado

  • 16/10/2025
(Foto: Reprodução)
Professora Érica Bispo. Reprodução/ Instagram A professora e pesquisadora Érica Bispo, de 45 anos, afirma ter sido vítima de discriminação racial e de irregularidades após a Universidade de São Paulo (USP) anular o concurso público em que ela foi aprovada em primeiro lugar para a vaga de docente de Literaturas Africanas e Língua Portuguesa na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH). Em uma série de vídeos publicados nas redes sociais, Érica contou que foi a única candidata preta a realizar as provas do concurso — outros dois candidatos autodeclarados negros inscritos não compareceram — e que seis concorrentes brancos entraram com recurso contra o resultado. Eles alegaram suspeição da banca examinadora e favorecimento à pesquisadora. “Eles alegaram que eu não tinha capacidade para me tornar professora da USP e que houve favorecimento. Eu passei por mérito, e entendo que esse recurso tem um caráter discriminatório”, disse Érica. “São fotos de grupo, tiradas em congressos e eventos públicos da área de Literaturas Africanas, no Brasil e no exterior, que não provam amizade íntima. Mesmo assim, a procuradoria da USP considerou essas imagens e uma legenda com a frase ‘entre amigos é muito bom’ como prova cabal para anular o concurso”, completa. A FFLCH chegou a homologar o resultado, dando início ao processo de contratação da pesquisadora, mas os candidatos recorreram a uma instância superior, o Conselho Universitário, órgão máximo da USP. O conselho decidiu anular o concurso, alegando “indícios de relações de proximidade” entre Érica e duas professoras da banca, com base em postagens em redes sociais que mostravam fotos em eventos acadêmicos e expressões de amizade nas legendas. Segundo a pesquisadora, todos os cinco integrantes da banca atribuíram notas altas e consistentes a ela em todas as etapas do processo seletivo. “O concurso foi anulado por um mero indício, ignorando o desempenho técnico e acadêmico”, afirmou. Érica também relatou que teve o direito à ampla defesa negado durante o processo administrativo. Ela diz que a manifestação técnica elaborada por seus advogados não foi incluída nos autos antes do julgamento. “O conselho universitário votou sem sequer ter ciência daquilo que eu estava argumentando para me defender. Ou seja, a USP não só validou acusações frágeis, como também não garantiu meu direito à defesa.” A FFLCH informou que não tem autonomia para reverter a decisão, já que ela partiu do Conselho Universitário, e que toda contestação precisa ser feita na Justiça. O concurso foi reaberto, e as inscrições estão em andamento. O que diz a USP? "A FFLCH homologou o resultado, mas outros candidatos fizeram recurso a uma instância superior, o Conselho Universitário. Esse órgão superior, que é o máximo da Universidade, anulou o concurso porque considerou que havia indícios de relações de proximidade da candidata aprovada e indicada com pessoas integrantes da banca. Essa conclusão teve embasamento em postagens em redes sociais em que, além de fotos, havia expressões de amizade. O concurso será refeito. No processo, consta que a Congregação da FFLCH não atendeu os recursos e homologou o concurso, isto é, deu andamento à aprovação e contratação da Érica, como informado acima. O processo de contratação da Érica foi iniciado, mas outros candidatos fizeram recurso ao Conselho Universitário, que decidiu pela anulação. O motivo foi a ponderação que o Conselho fez sobre o relacionamento que as postagens em redes sociais mostram. Sendo uma decisão do Conselho Universitário, a FFLCH não tem como reverter, tem que ser revertida na justiça. No momento da inscrição, houve três candidatos autodeclarados negros (PPI) e aprovados pela banca de heteroidentificação da Faculdade, mas apenas a Erica realizou as provas do concurso, sendo que os demais não compareceram. O concurso foi reaberto e as inscrições estão em andamento." Entenda a diferença entre racismo e injúria racial

FONTE: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2025/10/16/usp-anula-concurso-em-que-professora-preta-foi-aprovada-em-1o-lugar-candidata-afirma-que-nao-teve-direito-a-defesa-respeitado.ghtml


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