Zema é o primeiro governador a se manifestar sobre decisão do STF contra Bolsonaro: 'ato absurdo'
18/07/2025
(Foto: Reprodução) Bolsonaro é alvo de operação da Polícia Federal
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), foi o primeiro chefe de Executivo estadual a se manifestar publicamente contra as medidas cautelares impostas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nesta sexta-feira (18).
Em publicação nas redes sociais, Zema classificou a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) como “mais um ato absurdo de perseguição política”.
Manifestação de Romeu Zema (Novo) nas redes sociais.
Reprodução
O vice-governador de Minas, Mateus Simões (Novo), também se posicionou. Ele afirmou que o caso representa um “novo e sombrio capítulo” do sistema judicial brasileiro.
Manifestação do vice-governador de MG, Mateus Simões (Novo), nas redes sociais.
Reprodução
Ambos são pré-candidatos às eleições de 2026 — Zema à Presidência da República e Simões ao governo de Minas.
Bolsonaro passou a usar tornozeleira eletrônica por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do STF.
A decisão também impõe outras restrições, como a proibição de sair de casa durante a noite, de utilização de redes sociais, de aproximação de embaixadas e de contato com outros réus e investigados pela Corte. (saiba mais abaixo)
A defesa do ex-presidente reagiu com “surpresa e indignação” e classificou as medidas impostas pelo STF como “severas”. (veja na íntegra ao final da reportagem)
Governador de MG, Romeu Zema, e Jair Bolsonaro, durante as eleições de 2022.
Adriano Machado/Reuters
A operação da Polícia Federal após decisão do Supremo
O ex-presidente foi alvo de uma operação da Polícia Federal na manhã desta sexta-feira (18). A decisão do ministro Alexandre de Moraes afirma que o ex-presidente confessou de forma "consciente e voluntária" uma tentativa de extorsão contra a Justiça brasileira e que agiu com o filho Eduardo para "interferir no curso de processos judiciais".
Segundo apuração dos colunistas Valdo Cruz e Andreia Sadi, os investigadores da PF identificaram indícios de que o ex-presidente estava articulando uma eventual fuga do Brasil. A corporação decidiu, então, tomar medidas preventivas.
Após a instalação da tornozeleira, Bolsonaro se disse humilhado: "Nunca pensei em sair do Brasil ou ir pra embaixada".
Ex-presidente Jair Bolsonaro fala com a imprensa no Senado, em 17 de julho de 2025
Reuters/Adriano Machado
As buscas ocorrem no âmbito de uma investigação aberta no STF na última sexta-feira (11), dois dias depois do anúncio do tarifaço de 50% dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros.
➡️ O presidente americano, Donald Trump, justificou a medida com argumentos políticos, como o julgamento enfrentado por Bolsonaro no STF por tentativa de golpe de Estado em 8 de janeiro de 2023. Na noite desta quinta-feira (17), ele publicou nova carta criticando a Justiça brasileira.
Segundo Moraes, Bolsonaro condicionou publicamente o fim das sanções econômicas impostas pelos Estados Unidos à sua própria anistia, em declaração feita durante entrevista coletiva nesta quinta.
A PF apreendeu um pendrive escondido em um banheiro da casa de Bolsonaro, segundo agentes informaram ao STF. O material foi levado para o laboratório da PF e será periciado pela polícia científica.
Também foram encontrados aproximadamente US$ 14 mil e R$ 8 mil na casa do ex-presidente. Ter dinheiro em casa não é ilegal, mas é preciso declarar à Receita Federal valores acima de US$ 10 mil se a pessoa entrar ou sair do país com essa quantia.
Segundo apuração da TV Globo, o processo apura crimes de coação no curso do processo, obstrução e ataque a soberania.
Os mandados foram cumpridos na casa do ex-presidente, em Brasília, e em endereços ligados dele no Partido Liberal (PL), legenda de Bolsonaro.
Medidas cautelares
Na decisão, Moraes impôs as seguintes medidas cautelares ao ex-presidente:
uso de tornozeleira eletrônica;
recolhimento domiciliar entre 19h e 7h e finais de semana;
proibição de se comunicar com embaixadores e diplomatas estrangeiros;
proibição de se comunicar com outros réus e investigados;
proibição de acesso às redes sociais.
Manifestações nas redes sociais
Além de Zema e Simões, parlamentares usaram as redes sociais para reagir à operação nesta manhã. Inclusive, os filhos do ex-presidente, Eduardo e Flávio Bolsonaro.
Eduardo, que está licenciado do mandato de deputado federal, fez uma publicação em inglês.
Ele afirmou que o ministro Alexandre de Moraes "dobrou a aposta" após a divulgação, no dia anterior, de um vídeo de Jair Bolsonaro direcionado ao presidente Trump. Também detalhou as restrições aplicadas ao pai.
O senador Flávio também publicou um texto ao lado de uma foto com Jair Bolsonaro. Na legenda, escreveu: "Fica firme, pai, não vão nos calar! A proposital humilhação deixará cicatrizes nas nossas almas, mas servirão de motivação para continuarmos lutando pelo nosso Brasil livre de déspotas".
"Proibir o pai de falar com o próprio filho é o maior símbolo do ódio que tomou conta de Alexandre de Moraes para tomar medidas totalmente desnecessárias e covardes", prosseguiu.
Veja as repercussões na íntegra aqui.
Defesa do ex-presidente
"A defesa do ex-Presidente Jair Bolsonaro recebeu com surpresa e indignação a imposição de medidas cautelares severas contra ele, que até o presente momento sempre cumpriu com todas as determinações do Poder Judiciário.
A defesa irá se manifestar oportunamente, após conhecer a decisão judicial".